Estudos apontam que antes da chegada dos europeus falava-se aproximadamente 1200 línguas indígenas no território brasileiro. Segundo o linguista Aryon Rodrigues, em média mais de duas línguas desapareceram por ano, desde a colonização.
Atualmente há cerca de cento e oitenta línguas indígenas sendo que trinta e três correm o risco de extinção devido ao número reduzido de falantes e a incorporação da língua portuguesa pelos membros das comunidades. Tal fato é preocupante, pois, compromete a diversidade linguística e cultural destes povos e de toda sociedade.
As pesquisas e os trabalhos de documentação realizadas nos cursos de graduação e pós-graduação, o acesso de estudantes indígenas em cursos superiores e a criação de escolas nas comunidades com currículo diferenciado e principalmente, o ensino bilingue são alternativas utilizadas para revitalizar e resgatar as línguas indígenas.
(Contribuição: Gabriela Turma: A Grupo tutora: Francisca)
São muitos os preconceitos e estereótipos associados aos povos indígenas, desde opiniões como índio é preguiçoso até aquelas em que índio que usa calça não é índio, nossa sociedade está recheada desses senso comum que são muitas vezes naturalizados nas salas de aula. Compreender os povos indígenas no Brasil de hoje é entender a diversidade de povos que temos em nosso território e a luta política dos mesmo. Além dos preconceitos os povos indígenas sofrem com falta de respeito pelo seu espaço, sua cultura, sua gente. Para refletir um pouco sobre essa questão deixo o link do documentário 'a sombra de um delírio verde' que demonstra como o agronegócio tem "alargado" suas fronteiras sobre as terras indígenas, deixando os povos Kaiowá com um território cada vez mais restrito.
boa tarde! Danielle, esse vídeo, foi gravado por minha amiga pitty, ela conviveu por 4 anos com esses povos que ela descreve para mim. Se for possível ,você avaliar, ou passar para minha tutora, é que tenho trocado de grupo com frequência. eu gostaria de dizer que esse curso me deixa muito feliz, aprendo muito a cada dia que passa. Abraços.
Ouça a música abaixo, e acompanhe a letra, e registre suas impressões:
Sou igara nessas águas
Sou a seiva dessas matas
E o ruflar das asas de um beija-flor
Eu vivia em plena harmonia com a natureza
Mas um triste dia o kariwa invasor
No meu solo sagrado pisou
Desbotando o verde das florestas
Garimpando o leito desses rios
Já são cinco séculos de exploração
Mas a resistência ainda pulsa no meu coração
Na cerâmica Marajoara, no remo Sateré
Na plumária ka'apor, na pintura kadiwéu
No muiraquitã da icamiaba
Na zarabatana Makú, no arco Mundurukú
No manto Tupinambá, na flecha kamayurá
Na oração Dessana...
Canta índio do Brasil
Canta índio do Brasil
Anauê nhandeva, anauê hei, hei, hei!
"Dos filhos deste solo és mãe gentil pátria amada Brasil".
Tânia das Graças Gomes Paixão
Tânia das Graças Gomes Paixão
Tânia das Graças Gomes Paixão
MÚSICAS INDÍGENAS
A música indígena brasileira é parte do vasto universo cultural dos vários povos indígenas que habitaram e habitam o Brasil. Sendo uma das atividades culturais mais importantes na socialização das tribos
, a música dos índios brasileiros é polimorfa e de enorme variedade, tornando impossível um detalhamento extenso no escopo de um único artigo. A seguir se descrevem algumas características genéricas, lembrando que os casos individuais podem apresentar mesmo discrepâncias significativas em relação a este resumo.
Os povos indígenas do Brasil perfaziam juntos na época de Cabralcerca de 5 milhões de almas. Desde lá a população total declinou violentamente em função do patético choque contra a cultura portuguesa, que resultou em massacre, escravização e aculturação em larga escala dos índios. E com essa devastação muitas tradições se perderam de forma irreversível. Apesar disso, no que tange à suamúsica ainda há um enorme campo a ser estudado e compreendido pelo branco, que começa a demonstrar respeito real pelos seus irmãos autóctones apenas há pouco tempo, apesar de bulas papais, conclusões filosóficas e debates morais de longa memória que denunciavam e condenavam os abusos desde os primeiros tempos da Descoberta.
A música indígena tem recebido alguma atenção do ocidental desde o início da colonização do território, com os relatos de Jean de Léry sobre alguns cantos tupinambá, em 1558, e de Antonio Ruíz de Montoya, cujo extenso léxico inclui um universo de categorias musicais do guarani antigo. Estudos recentes têm-se multiplicado a partir do trabalho de pesquisa de Villa Lobos e Mário de Andrade no século XX, e hoje a música indígena é objeto de estudo e interesse de muitos pesquisadores de todo o mundo, que têm trazido à consciência do homem branco uma pletora de belezas naturais da terra.
As questões sobre a história dos povos indígenas no Brasil vêm sendo desmistificada num âmbito nacional, com uma nova historiografia e o apoio da antropologia, historiadores e antropólogos procuram dialogar ampliando seus conhecimentos sobre os indígenas, tentando assim acabar com aquela imagem errônea de séculos anteriores, onde predominava o eurocentrismo e a prioridade das elites. Neste contexto os índios eram visto como uma nação homogênea, com apenas uma única língua e cultura. No que diz respeito sobre os livros didáticos à história sempre foi camuflada trazendo uma visão preconceituosa de que o indígena era o selvagem, o sem cultura e o preguiçoso.
Podemos dizer que a partir da constituição de 1988 os indígenas puderam ter o direito de manter seu território e assegurar sua diversidade étnica. Mas não foi o bastante para acabar com as raízes do preconceito elaboradas durante vários séculos, na mente das pessoas a visão preconceituosa sobre os índios ainda não foram apagadas, além de não conhecerem suas particularidades culturais, não sabem como vivem, no que acreditam e quais são seus objetivos. Lembremos também do descaso de nossos governantes, que não se preocupam com a história de nossos indígenas, em muitos lugares do Brasil faltam escolas, transporte e saneamento básico, sem contar com a falta de segurança, muitos índios estão sendo ameaçados por jagunços contratados por fazendeiros que querem tomar suas terras.
É por esses motivos que temos que reconstruir uma nova visão sobre os povos indígenas, que nos leve a uma reflexão sobre sua importância ao longo de vários séculos. É de extrema necessidade que passemos a valorizar a cultura de nossos indígenas, que passem a ser vistos como povos com história dinâmica e sujeitos protagonistas da sua história e da história do Brasil. Devemos saber que são povos vivos e atuantes que lutam por seus direitos e um espaço na sociedade, espaço esse que infelizmente não é reconhecido por muitos políticos brasileiros, é hora de levarmos para as nossas escolas a imagem verdadeira de nossos índios, mostrando sua diversidade cultural e sua participação na construção desse país. A esperança é que possamos acabar com o preconceito e que aceitemos os índios em nossa sociedade e que possam participar do futuro de nosso país. E que essa nova geração que se encontra nas escolas tenha um novo olhar e que saiba valorizar o direito à igualdade e o respeito à diversidade.
“Língua é uma
questão de alma, de essência, de auto-valorização, assim como outros aspectos da
cultura indígena. Roubados na língua, os índios são roubados em sua essência,
com brutalidade semelhante à invasão do seu território, a chamas de fogo
insano, ao desconhecimento da nação brasileira da riqueza que existe e,
sofridamente, resiste no nosso território.”(BARBOSA, 2004, p. 55)
Iniciando com essa música muito linda que apesar de não ser um canto indígena, tem a participação de um nativo americano e trata do massacre que eles sofreram. Vale a pena sentir essa energia antes de iniciar a leitura.
Partindo do encanto pela energia
trazida pelos cantos indígenas, nós do grupo Terena do curso de CHPI,
resolvemos tratar um pouco da música indígena e seus significados.
A música indígena está diretamente
associada ao universo transcendente e mágico,
sendo muito usada em
rituais. E está diretamente relacionada a socialização, ao
culto, ligação com os ancestrais,exorcismo,magiae cura.
Há varias lendas sobre a origem da
música.
Algumas tribos acreditam que a música
foi um presente dos deuses, tristes com o silencio que reinava no mundo dos
humanos,
Enquanto em outras, a
música é tido como vinda do mundo dos sonhos, onde vivem as tribos míticas de
animais e dos ancestrais. Ali é conhecida pelaspessoas sem espírito, aquelas
que por algum motivo estiveram no limiar da morte e de lá retornaram,
tornando-se introdutoras de novas melodias após esse contato com o mundo do
além.
A criação de novos
cânticos é feito através dos pajés, que as criam em seus transes, nos quais
estão em contato com os deuses e seus ancestrais. Ou também pelos guerreiros
que também podem sonhar com elas.
“Para os Pataxós o canto é a voz dos espíritos, é mensagem entre as
pessoas que faz viajar entre histórias, mergulhar em sonhos, viajar por mundos
distantes.”
A dança e a música são
muito importantes para os Pataxós. Quando estão cantando e dançando, eles estão
em contato com a terra e toda a natureza, recebendo a força de Niamisu.
AWÊ
O Awê ou Heruê, para os
Pataxós, representa força união, alegria, espiritualidade e acima de tudo
conquista.
Cantar e dançar não são
apenas diversão, essa pratica simboliza a harmonia com o ambiente e com o
sagrado e instrumento de comunhão entre os Pataxós. Na dança, transpira-se
energia antiga e recuperam-se outras da terra, do ar, da água, do fogo e de
todas as energias positivas que formam a natureza.
ALGUMAS CANÇÕES
PATAXÓ MUKA, MUKAÚ
Muká,
Mukaú
Awê-he-he
– awê, awê
Awê-he-he – awê, awê
Mayõ Werimehe
Mayõ Werimehe
Awê-he-he
– awê, awê kotê kawi Sunitá Heruê Heruê hê hê
Heruê
Heruê
PATAXÓ MUKA, MUKAÚ- PATAXÓ
UNIR REUNIR
Unir, reunir
Pataxó luz do amor
Luz do amor Pattaxó
Te amo, te amo, te amo
Pataxó
Beber cauim e cantar
Awê-he-he
– awê, awê kotê kawi Sunitá Heruê Heruê hê hê
Heruê Heruê
Pakte iě niamysũAgradecimento a deus
Akxãy taputary txuráo dxê
iõ kramuhuá
Ahõhě topehě
torotě awê ãtxuab txuráp
patxitxá karnetú awé dxa’há iě yamany
ũg Iõ pâkte ytsã
karnetú niamisũ hũ nytxy
werymehe.
Oi, parente, vamos ver o mar,
como ele está lindo
Vamos fazer o nosso para
a mãe d’água
E fazer nosso
agradecimento a deus com muito amor.
O território dos Maxakali, um povo tradicionalmente seminômade, caçador e coletor, estendeu-se pelos Vales do Mucuri e Jequitinhonha, no sul da Bahia e nordeste de Minas Gerais. Com a chegada dos europeus no litoral brasileiro e as frentes de colonização que adentraram o território mineiro, os Maxakalis sofreram um processo de expulsão que os obrigou a se esconder na região do Vale do Mucuri. Mesmo nesse território foram alvo de vários tipos de violência, tiveram suas terras roubadas e devastadas com a introdução do capim colonião por funcionários do antigo órgão indigenista governamental, Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Contudo após muitas lutas e mobilizações, os Maxakali conseguiram a demarcação do seu território.
Hoje a área Maxakali demarcada (5.293 hectares) está localizada na área rural dos municípios de Bertópolis e Santa Helena de Minas (respectivamente as aldeias de Pradinho e Água Boa), MG, Brasil, na cabeceira do rio Umburanas, afluente do rio Itanhém. Mais recentemente a distribuição geográfica populacional dos Maxakali aumentou no Vale do Mucuri com a ocupação de duas novas áreas nos municípios de Ladainha (reserva indígena) e Campanário. Sua população atual total é de aproximadamente 1.039 pessoas, sendo a maioria jovens e crianças.
Sua economia é voltada para a produção de pequenas roças de subsistência e artesanato, recebendo recursos de programas e/ou benefícios governamentais.
Vendem ou trocam seus produtos por outros alimentos, nas feiras das cidades vizinhas. Continuam lutando por melhores condições de vida e estão engajados no processo de preservação e recuperação ambiental do seu território, reconstruindo o seu mundo simbólico e religioso.
Fonte: http://www.planejamento2.mg.gov.br/governo/planejamento/desenvolvimento/arquivos/salvaguardas/Marco_Povos_Indigenas_Consolidado_22-12-09_Sem_Anexos.pdf (Dados sobre o povo Maxakali foram obtidos no sítio www.cimi.org.br. ) César Augusto - Turma A - Tutora Lara.