Ambientalista, líder indígena, ex-deputado federal, coordenador da Rede 
Povos da Floresta, Ailton Krenak é um dos principais articuladores dos 
direitos indígenas. E para ele, é preciso fazer uma reparação histórica,
 não apenas do genocídio pelo qual os primeiros brasileiros foram 
submetidos - e ainda são- , mas também em relação à influência e a 
presença da música indígena em nossa canção, da bossa nova de Tom Jobim 
ao metal do Sepultura. 
"Os pesquisadores como Anthony Seeger, Marlui Miranda e mesmo Roquete 
Pinto insistem que a base da criação da chamada música popular 
brasileira ou cancioneiro brasileiro é feita de índio, branco e negro, 
sem que tenha de ser percebido nesta ordem, claro! Uns tons de negro 
mais carregado chegam primeiro aos ouvidos que depois de afinados são 
também alcançados pelos timbres vindos de debaixo do chão, como diz o 
mestre (Gilberto) Gil, de onde vem o xaxado? vem debaixo do barro do 
chão... Bené Fonteles, Marlui Miranda, Caetano Veloso e Sepultura, 
todos, e Tom Jobim, também cantam este timbre vindo das tabas 
indígenas", defende o líder, que protagonizou uma cena marcante no 
Congresso Nacional, quando se pintou o rosto com tinta preta de 
jenipapo, nos anos 80. 
Krenak afirma que na cultura indígena, a música e rito, são cantos de 
guerra, de caçadas rituais "onde são evocados os espíritos dos animais a
 serem caçados,assim como é cantado o nome dos inimigos que serão 
guerreados".
"São cantos de cura, onde a palavra cantada é medicina poderosa e 
veículo de trânsito entre o visível e outros mundos ou paisagens. 
Músicos como Milton Nascimento e Peter Gabriel já exploraram áreas da 
sonoridade-musicalidade indígenas em seus trabalhos que alcançaram ótima
 aceitação de público dando a eles um Grammy na década de 90", aponta. 
O líder indígena também lembra da parceria entre Egberto Gismonti e o 
pajé Sapaín. "Mesmo outros músicos e bandas contemporâneas seguem 
descobrindo novas sonoridades naquilo que podemos ouvir como música de 
'índios'. Egberto Gismonti fez um memorável disco intitulado Sol do Meio
 Dia com o pajé Sapaím no Xingu, que até hoje continua sendo um marco no
 diálogo entre as tradições musicais modernas", afirma.
Entre suas preferências particulares, de músicos não-indígenas, Krenak 
destaca Tom Jobim, compositor e maestro que antecipou as preocupações 
com temas ambientais, quando o assunto não era recorrente, e Caetano. 
"Muitas músicas que falam explicitamente de 'índio' me agradam, mas 
Borzeguim do Tom Jobim é minha preferida sempre e de longe. Tem a canção
 mágica Um Indio do Caetano, enfim músicas que tem uma poética direta 
falando de índio são a parte visível da coisa toda, que tem raízes 
profundas muita além das letras e poesia. (Heitor) Villa-Lobos é coisa 
de índio, assim como a obra de Tom Jobim foi insistente canção indígena 
dentro da bossa nova, que todos dizem que tem jazz nas suas origens. Vai
 dormir com um barulho destes vindo de debaixo do chão", provoca.       
FONTE:http://virgula.uol.com.br/ver/noticia/musica/2013/04/26/324607-lider-indigena-ve-influencia-das-tabas-de-tom-jobim-a-sepultura
27/04/2013
 08h24 • Fabiano Alcântara
Contribuição: Cristina Sancho / Turma A/ Lara
Contribuição: Cristina Sancho / Turma A/ Lara
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